Eliza Hübner*
Aurinez R. Schmitz**
Ansiedade normal e ansiedade patológica Geralmente quando falamos em ansiedade, pensamos em uma pessoa muito agitada, com batimentos cardíacos acelerados, falta de ar ou suando frio. Sim, estes sintomas são muito comuns na ansiedade, assim como, insônia, dificuldade de concentração, isolamento, procrastinação, pensamentos acelerados e confusos, por exemplo, também podem estar presentes quando falamos de ansiedade.
No dia a dia todas as pessoas experienciam a ansiedade de alguma forma e isso por si só não é patológico, afinal a ansiedade é um sentimento e tem a função de nos proteger de perigos e situações ameaçadoras. Além disso, em certas situações é “normal” e até esperado um certo nível de ansiedade , podemos citar por exemplo, atividades que aumentam a adrenalina como pular de paraquedas, ir na montanha russa, falar na frente de muitas pessoas. Mas existem casos em que a ansiedade pode ser extremamente limitadora e incapacitante, trazendo sintomas excessivos e impedindo o enfrentamento das situações de forma tranquila e equilibrada. Nestas situações parece que a mente fica sobrecarregada com muitos pensamentos de preocupação, criando novos motivos de ansiedade e tendo medo de desastres que possivelmente nunca irão acontecer.
Se você se identifica com isto, saiba que não está sozinho. De acordo com dados da OMS (2020), uma média de 9 milhões de pessoas no Brasil possuem algum sintoma de ansiedade. Mas há formas de viver sem os sintomas paralisantes da ansiedade e sem permitir que este sentimento controle sua vida.
No geral, em provas ou situações em que somos avaliados, é comum sentir um certo nível de ansiedade, mas ela se torna um problema quando acaba impedindo ou limitando a atuação. No caso da prova prática de direção estar excessivamente ansioso pode atrapalhar o desempenho e impedir a obtenção da carteira de habilitação.
Não apenas os sintomas físicos podem atrapalhar na hora da prova, mas também os emocionais que aparecem como diversos pensamentos que podem “assombrar” a situação e tornar o processo muito mais difícil e assustador do que realmente é. Estes pensamentos distorcidos nos fazem ver uma situação como extremamente ameaçadora e isso gera medo, insegurança e vai aumentando a ansiedade. Quando não conseguimos lidar com estes pensamentos, acabamos não conseguindo ter um bom desempenho na tarefa, gerando nervosismo, erros até então nunca cometidos, falta de concentração, os famosos “brancos” que culminam com a reprovação, tendo por consequência um aumento da insegurança, frustração e baixo estima.
Mesmo entre as pessoas já habilitadas é muito comum também sentir-se ansioso para dirigir. Essa ansiedade ou medo pode ter sido causado por alguma situação traumática como ter batido o carro, presenciar um acidente ou até mesmo por ficar sabendo da morte ou lesão de uma pessoa próxima, por exemplo, ou não. Pode ser devido a questões emocionais como sentimento de insegurança, medo de perder o controle de si ou do veículo, cometer erros ou não saber como agir diante de determinadas situações. Isso vai gerando um distanciamento do veículo, onde a pessoa deixa de dirigir por acreditar não ser capaz de lidar com alguma imprevisibilidade ou por sentir-se incapaz de estar na direção do mesmo. Desta forma a pessoa acaba evitando o comportamento de dirigir, e, com o tempo, pode acabar se acomodando e sempre encontrando desculpas para não enfrentar a situação temerosa.
Tanto para quem já é habilitado ou quem ainda está no processo de habilitação, a ansiedade pode se tornar um grande problema. Importante tratá-la tanto através dos próprios esforços e da vontade de vencer a situação, como também é muito importante buscar ajuda profissional de um psicólogo.
O ponto principal é não permitir que a ansiedade tome conta da situação e impeça de fazer aquilo que se deseja. Desta forma, é importante refletir a respeito do motivo principal da ansiedade e trabalhar estas questões de forma que os medos possam ser enfrentados. Nisso a psicoterapia entra como uma ferramenta ideal neste processo, onde através da ajuda de um psicoterapeuta, é possível refletir sobre a origem da ansiedade e se sentir mais fortalecido emocionalmente para enfrentar a situação.
Este olhar para dentro de si possibilita observar os próprios pensamentos em relação a prova ou em relação a dirigir, assim como aprender a confiar nas próprias habilidades e aprender a conviver com questões de imprevisibilidade, tolerando erros que podem ser cometidos, ou seja, aumentando a própria capacidade de tolerência consigo mesmo. Além disso, fazer aulas extras de direção para se sentir mais confiante para a prova prática pode ser útil neste processo.
Relembramos que a ansiedade está presente na vida de todos, de uma forma ou de outra. Mas isso não precisa ser um impedimento ou uma limitação na vida de ninguém. É possível compreende-lá e tratá-la. O principal objetivo é aumentar o sentimento de liberdade, de fazer aquilo que se deseja, sem se sentir aprisionado ou incapaz por este sentimento. Não espere esta ansiedade desaparecer por si mesma, é possível desenvolver formas de enfrentar a situação. Muitas pessoas já venceram o medo de dirigir, passaram na prova prática de direção, entre tantos outros desafios que engloba a habilitação de um veículo. Portanto há esperança!
Se você se viu nesta situação e não tem conseguido dirigir por se sentir muito ansioso, saiba que o Instituto Ande Bem, além de oferecer psicoterapia, de forma online e presencial, disponibiliza um curso online de Preparação Emocional para o Exame Prático de Direção que pode te ajudar a se preparar emocionalmente e estar mais confiante durante o processo.
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* Graduanda em Psicologia na Atitus Educação - Porto Alegre e estagiária do Ande Bem Instituto de Psicologia do Trânsito.
** Psicóloga, Mestre em Psiquiatria, Especialista em Psicologia Clínica e Psicologia do Trânsito, Fundadora do Ande Bem - Instituto de Psicologia do Trânsito.
Referências:
Araújo, A. R., Borloti, E., & Haydu, V. B. (2016). Ansiedade em Provas: um estudo na obtenção da licença para dirigir. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(1), 34-47. Disponível em https://www.scielo.br/j/pcp/a/HzQDChBrNLNGPXLVJmTcwtH/?format=pdf&lang=pt
Barp, M., & Mahl, A. C. (2013). Amaxofobia: Um Estudo sobre as Causas do Medo de Dirigir. Unoesc & Ciência - ACBS, 4(1), 39-48. Disponível em https://files.core.ac.uk/pdf/12703/235124181.pdf
Leahy, R. (2011). Livre de Ansiedade. Porto Alegre, RS: Artmed
Ramírez-Ortiz, J., Castro-Quintero, D., Lerma-Córdoba, C., Yela-Ceballos, F., & Escobar-Córdoba, F. (2020). Mental health consequences of the COVID-19 pandemic associated with social isolation. Colombian Journal of Anestesiology, 48(4)