Eliza Hübner*
Aurinez R. Schmitz**
Ao estar em um avião, você é daquelas pessoas que agarra com força os braços da cadeira, com batimentos cardíacos acelerados e falta de ar? Ou é daquelas que adiam fazer as malas até o último momento para não pensar na viagem? Já perdeu oportunidades de trabalho pois não queria ter que viajar de avião? Já deixou de aproveitar as férias por estar excessivamente preocupado com o momento de embarcar na aeronave?
Se você já se viu em alguma destas situações ou conhece alguém que passa por isso, saiba que este medo é mais comum do que parece e, felizmente, ele pode ser superado!
Milhares de pessoas embarcam em aeronaves diariamente e, praticamente todas chegam em seus locais de destino de forma segura. Além disso, é normal e muitas vezes esperado ter um certo receio na hora de embarcar, afinal esta não é uma atividade rotineira para a maioria das pessoas. Mas quando este medo gera uma evitação em viajar de avião ou acaba enfrentando a viagem mas com grande sofrimento, isso pode ser um problema. E, nestes casos, é necessário um olhar para si e se perguntar o motivo de isso acontecer.
O medo de avião tem um nome específico: aerofobia. É considerada uma aerofobia quando o medo ou ansiedade de voar é desproporcional ao perigo ou risco real, quando a situação é evitada ou enfrentada com grande nível de ansiedade, podendo causar até mesmo ataques de pânico.
A aerofobia pode ter sua origem tanto em fatores internos de cada indivíduo como fatores externos. Em relação a fatores internos, podemos citar pessoas que não aguentam a ideia de ficar em locais fechados (claustrofobia), pessoas que tem medo de que aconteça algo e não possam sair e correr para um lugar seguro (agorafobia), pessoas que tem ataques de pânico, medo de estar em um espaço com muitas pessoas, etc. Já em casos de fatores externos, podemos citar o medo de altura ou o medo de que algo aconteça com o avião.
Além disso, experiências pessoais negativas ou traumáticas em voos e relatos de notícias de acidentes aéreos graves como o caso do avião da Chapecoense ou o caso da cantora Marilia Mendonça, por exemplo, acabam impactando a vida das pessoas, gerando ou acionando medos e inseguranças em relação às aeronaves.
Este medo pode afetar a vida das pessoas de forma que podem deixar de realizar sonhos pessoais de viajar, de visitar uma pessoa amada que mora longe ou perder uma oportunidade profissional por terem que embarcar em um avião.
E, para encarar este medo, alguns usam de recursos como tomar medicamentos calmantes ou beber álcool para “se acalmar”, não dormir na noite anterior para ter sono durante o voo ou viajar sempre com um determinado amuleto ou objeto da sorte, Estas não são as formas mais adequadas para lidar com este medo pois, por exemplo, tomar medicamentos pode acabar gerando grande sonolência ou queda de pressão arterial e assim acabar atrapalhando a viagem e até mesmo prejudicando a saúde. Além disso, estas formas não resolvem o problema e não diminuem o medo em si, apenas os sintomas. Mas felizmente muitas pessoas conseguem superar esta dificuldade.
Primeiramente, é necessário reconhecer que tem este medo e que precisa de ajuda. Guardar os pensamentos apenas para si pode gerar um ciclo vicioso de pensamentos distorcidos. O medo de avião, na maioria das vezes, não se baseia na realidade. Afinal, o transporte aéreo é o mais seguro que existe atualmente. De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, a chance de um avião cair é de 10 em cada 40 milhões de decolagens. Muito mais seguro do que acidentes de carro, por exemplo. Portanto, reconhecer e compartilhar alguns dos pensamentos que geram medo com pessoas de confiança pode nos trazer alívio e diminuir o impacto negativo destes pensamentos.
Apesar disso, quando a informação não é suficiente e quando as questões emocionais ainda predominam apesar da informação e esta não é suficiente para dar conta deste medo, então nestes casos a psicoterapia é o ideal.
A psicoterapia é uma ferramenta essencial para entender a origem desse medo, como também para saber enfrentar a situação de forma prática e eficaz. Afinal, o ambiente terapêutico é um ambiente seguro para expor os seus medos e encontrar formas de se instrumentalizar para o enfrentamento.
O Instituto Ande Bem tem o programa Voe Bem que tem o objetivo de preparar emocionalmente os indivíduos para viajar de avião, atuando diretamente nas causas dos seus medos. Além disso, o Instituto também oferece atendimento psicoterapêutico individual, de forma presencial e online.
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Não esqueça que este medo pode ser vencido e superado. O medo não precisa ser algo que te impede de viver e realizar sonhos e projetos!
* Graduanda em Psicologia na Atitus Educação - Porto Alegre e estagiária do Ande Bem - Instituto de Psicologia do Trânsito.
** Psicóloga, Mestre em Psiquiatria, Especialista em Psicologia Clínica e Psicologia do Trânsito, Fundadora do Ande Bem - Instituto de Psicologia do Trânsito.
Referências Bibliográficas
Albuquerque, C., Gomes, A. S., Monteiro, I., Mascarenhas J., Romão, J., Leite, J., & Lucas, P. (2012). Voar sem medo: Guia prático para voar confiante e descontraído (2a ed.). Lisboa, Portugal: Gradiva.
Barnhill, J. W. (2020). Transtornos Fóbicos Específicos. Manual MSD. Disponível em https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/ansiedade-e-transtornos-relacionados-a-estressores/transtornos-f%C3%B3bicos-espec%C3%ADficos
Estat - Consultoria Estatística (março 17, 2022). Você sabe a probabilidade de um avião cair? Disponível em https://estat.com.br/2022/03/17/voce-sabe-a-probabilidade-de-um-aviao-cair/