Eliza Hübner*
Aurinez R. Schmitz**
Muitas pessoas têm vontade de tirar a carteira de motorista, mas nem sempre esse desejo é suficiente. Algo pode estar impedindo a realização desta vontade. Levantamento realizado pela Secretaria Nacional de Trânsito (2022) entre condutores no Rio Grande do Sul, na faixa etária de 18 a 25 anos, indica que vem diminuindo o número de habilitados de 2019 até o final de 2021.
Isso pode demonstrar que muitas pessoas estão escolhendo se locomover de forma alternativa. Algumas pessoas preferem o uso de transportes públicos ou aplicativos, alguns ainda não têm sua habilitação por questões financeiras, tanto pelo valor de fazer a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), como pelo investimento em um carro, que tem um custo alto. Mas muitos têm o desejo de ter a carteira de motorista, têm condições de ter um carro e querem uma vida com mais independência e autonomia para ir e vir sem depender de terceiros, mas acabam adiando fazer a CNH. Se você é uma dessas pessoas, já se perguntou o motivo? Será que é por ser mais cômodo ou mais fácil?
Uma das razões para isto pode ser por questões emocionais, que impedem que este processo ocorra de forma tranquila. O processo de dirigir nem sempre está relacionado com algum trauma ou acidente de trânsito que possa ter ocorrido, muitas vezes pode estar relacionado com questões de insegurança, sentimentos de incapacidade, baixa estima, medo de ser criticado por outros, medo de não passar na prova e se sentir incapaz, vergonha, perfeccionismo, etc. Estudos reforçam que as pessoas que adiam fazer a carteira têm uma ideia distorcida sobre dirigir e que acabam percebendo a direção como algo perigoso, como uma situação desagradável ou que não acreditam que são capazes de se saírem bem (Monteiro, Oliveira, & Martins, 2021).
Isso não quer dizer que estas características como baixa estima, insegurança, entre outras, estejam presentes em todas as áreas na vida do indivíduo, pelo contrário, geralmente as pessoas dão conta de muita coisa, mas no dirigir se deparam com essas dificuldades. Ao ter que lidar com esta situação, é importante utilizar isto como uma forma de olhar para si mesmo e como uma oportunidade de enfrentamento. Esta pode ser mais uma etapa a ser vencida, e não ser vista como uma impossibilidade.
Se você quer dirigir, então o primeiro passo é reconhecer que tem a vontade, mas ao mesmo tempo admitir que tem adiado a decisão de iniciar o processo de habilitação ou de retomar a direção do veículo. É compreender seus receios, dificuldades e se mostrar mais aberto para este processo.
O segundo é buscar entender a origem desta evitação ou constante adiamento. Evitar continuamente é dar justificativas para aquilo que se quer, como dirigir, neste caso. É entender: Estou evitando, mas por quê? Quais razões ou desculpas estou dando para não enfrentar? O que mais estou evitando? Será que estou evitando coisas que gosto muito? É reconhecer essas questões e usá-las, não como um impedimento, mas como uma oportunidade de enfrentamento, de se conhecer melhor e crescer. Isto não precisa ser uma falha ou um motivo de se sentir inferior.
Neste sentido, a psicoterapia é uma ferramenta importantíssima neste processo, tanto para descobrir o porquê deste constante adiamento, quanto como auxiliar a pessoa a se instrumentalizar para o enfrentamento dessa situação, de forma que ela se sinta mais preparada e capaz.
Se você se viu nesta situação e se sente inseguro para iniciar o processo de habilitação, saiba que o Instituto Ande Bem, além de oferecer psicoterapia, de forma online e presencial, disponibiliza um curso online de Preparação Emocional para o Exame Prático de Direção que pode te ajudar a se preparar emocionalmente e estar mais confiante durante o processo.
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* Graduanda em Psicologia na Atitus Educação - Porto Alegre e estagiária do Ande Bem Instituto de Psicologia do Trânsito.
** Psicóloga, Mestre em Psiquiatria, Especialista em Psicologia Clínica e Psicologia do Trânsito, Fundadora do Ande Bem - Instituto de Psicologia do Trânsito.
Referências Bibliográficas:
Monteiro, E. G. B., Oliveira, L. R. U., & Martins M. G. T. (2021). Amaxofobia: Aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e intervenção cognitivo comportamental.
Secretaria Nacional de Trânsito - SENATRAN (2022). Registro Nacional de Condutores Habilitados. Ministério da Infraestrutura. Disponível em https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-Senatran/estatisticas-quantidade-de-habilitados-denatran