Notícias :: Acidentes com mortes de crianças mostram riscos que elas correm no trânsito

11/07/2019

Especialistas destacam que a responsabilidade deve ser compartilhada

Por Bianca Dilly

Os acidentes de trânsito são a principal causa de morte acidental entre crianças e adolescentes de 0 a 14 anos no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Reflexo destes números, no último final de semana foram registrados dois acidentes com vítimas fatais dentro desta faixa etária na região. No domingo, um menino de 13 anos que andava de bicicleta foi atropelado às margens da BR-116, em São Leopoldo. Ainda no início da tarde de sexta-feira, um garoto de 10 anos foi atingido por um ônibus escolar no bairro Boa Saúde, em Novo Hamburgo, e veio a óbito na madrugada do domingo. Os casos expõem os riscos que os jovens correm ao circular pelo trânsito, seja em uma grande rodovia, ou mesmo dentro das cidades.

Nesse sentido, a mestre em Psicologia com especialização em psicologia do trânsito e fundadora do Instituto Ande Bem, Aurinez Rospide Schmitz, destaca que a responsabilidade pelo movimento das crianças nas ruas deve ser compartilhada. “A primeira coisa que temos que nos dar conta é de que a criança ainda está se desenvolvendo e não tem a maturidade do seu nível neurológico. Ela corre risco real no trânsito, pela incapacidade de avaliar os perigos”, diz.

Por isso, a diretora institucional do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), Diza Gonzaga, lembra da necessidade de atenção para as partes mais vulneráveis do trânsito – pedestres e ciclistas, justamente os envolvidos nos casos dos últimos dias. “O maior deve sempre proteger o menor. Precisamos ter cuidado com a vida, que é muito frágil, e lembrar que o trânsito somos todos nós. Somos todos agentes de vida ou de morte”, relata. No Rio Grande do Sul, em 2018 foram 50 vítimas fatais de 0 a 14 anos de idade. Neste ano, até o mês de abril, são 17 mortes nesta faixa etária no Estado.

 

Riscos vão desde a imaturidade neurológica, até a estatura 

São diversos perigos que os jovens correm no trânsito, de acordo com Aurinez. A psicóloga explica que, por essa razão, a contribuição de todos que utilizam as vias é indispensável. “Sem essa maturidade neurológica, as crianças não têm a capacidade de prever e calcular a distância, velocidade e tempo dos veículos. Assim, elas não conseguem avaliar se é seguro atravessar a rua, por exemplo”, descreve. A importância e o significado de circular no trânsito são temas que devem fazer parte do diálogo de educação e orientação. “Outra questão é a própria distração da criança. Ela vai priorizar qualquer coisa que chame mais a atenção, em detrição do risco que está correndo em meio aos veículos. Mesmo que esteja brincando com os seus amigos, o momento de atravessar a rua não é uma bobagem. É uma atividade séria e de risco, que precisa ser encarada com maior concentração”, acrescenta. Neste ponto, a profissional lembra que a rua não é o local adequado para brincar. “A gente incentiva muito que as praças e parques sejam melhor aproveitados. As crianças devem brincar no pátio, local em que estarão muito mais seguras”, pontua.

A própria estatura da criança é um risco que deve ser levado em consideração por quem está no trânsito. “Qualquer carro estacionado impede que ela veja um veículo se aproximando e precisa se adiantar para enxergar melhor, fazendo com que corra mais perigo. Então, atrapalha a visibilidade da criança e do condutor, o que precisa ser levado em conta”, resume Aurinez. Além disso, a utilização da bicicleta deve ser analisada com cautela. “No momento em que a criança usa a bicicleta, ela está muito mais suscetível, porque pode se desequilibrar, por exemplo. Mas os condutores também fazem parte desse contexto e tem que respeitar a distância de 1,5 metro da bicicleta. É um alerta até para os pais, que devem avaliar as condições do trânsito e da criança para fazer determinado percurso”, evidencia.



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